Descrição
Após o 25 de abril de 1974, a revolução dos cravos que libertou Portugal contra 48 anos de ditadura, paredes de todo o país foram pintadas com palavras de ordem de liberdade. Assim como se criaram dezenas de cartazes e postais políticos, hoje muito conhecidos, mas foram os murais que mais populares tornaram. Havendo liberdade de expressão, o pós 25 de abril deixou-nos um legado de arte urbana, com murais coloridos, com mensagens de paz, liberdade, democracia e de crítica social e política. Esses murais foram desaparecendo ao longo dos anos, por razões naturais do tempo, por destruição dessas paredes e por outros murais que foram pintados por cima. Existiu, portanto, a necessidade de os registar com recurso à fotografia, pelo que existe hoje um vasto espólio fotográfico desses murais de intervenção, que eram verdadeiros frescos a céu aberto. Este tipo de arte de rua foi bastante explorado nas décadas de 70 e 80, tendo participado alguns artistas conceituados, como Abel Manta e Julio Pomar.
 
O Porto é uma cidade com muitos edifícios em ruína e ao abandono. Grande parte destes edifícios abandonados estão “riscados” com grafitis e cartazes publicitários, criando uma imagem degradante à cidade. Em apenas alguns foi possível encontrar estes murais, que dão logo outro ar à cidade. Estes murais embelezam a cidade, os edifícios abandonados e as ruas ficam mais vivas. Gostando-se ou não do partido que pintou o mural, as mensagens são sempre atuais e pertinentes. Os murais tem muito essa função de “serviço público”, que questionam e informam a população para os problemas do país.  
 
Hoje, no século XXI, os murais pintados deixaram de ser um veiculo de comunicação dos partidos políticos. No entanto, ainda existem alguns desses murais antigos no Porto e novos, que foram pintados na última década, com novas mensagens políticas. O objecivo passou por fotografar esses murais pintados ainda "vivos", no Porto, para que não sejam apagados da nossa memória e do nosso passado, que apesar de não ser muito distante, já não existe.
 
Efectivamente os ideais do 25 de abril estão hoje, mais do que nunca, em risco. As portas que Abril abriu estão a fechar-se, daí o título “Abril em Ruínas”.
 
 
Publicações
Artigo do P3 (22/03/2013) - Ler Artigo Aqui

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